Os sismos que todos os anos assolam diversas regiões do planeta, têm, frequentemente, consequências catastróficas não só em perdas de vidas humanas mas também em termos de destruição do edificado e da infraestrutura necessária ao bem-estar das populações e ao normal funcionamento da economia.
O impacto dos grandes sismos faz-se também sentir sobre o Património Cultural das regiões atingidas, provocando perdas irreversíveis, como demonstram, em anos recentes, as destruições ocorridas na cidadela de Bam, no Irão, ou na basílica de S. Francisco de Assis, em Itália.
Sendo o risco sísmico uma realidade em Portugal, em particular na sua metade sul, faz todo o sentido promover, junto dos técnicos e responsáveis portugueses, uma reflexão sobre esta temática e, em particular, sobre as medidas que podem ser postas em prática para reduzir a perigosidade representada pelos sismos para o património cultural. Para tal, constitui um excelente pretexto a recente conclusão do projeto de I&D de âmbito europeu, "NIKER", que teve por objetivo desenvolver e validar estratégias, metodologias, tecnologias e materiais para melhorar o comportamento dos monumentos e edifícios históricos face à ação sísmica, tendo em vista mitigar, de modo fiável e economicamente eficiente, os danos potenciais causados por um sismo intenso ao património cultural construído europeu.
Na sua intervenção, Vítor Cóias, do GECoRPA, chamou a atenção para a importância da qualificação das empresas e dos profissionais que se dedicam à conceção, projeto e execução deste tipo de intervenções. Francesa da Porto, da Universidade de Pádua e Daniel Oliveira, da univesidade do Minho, apresentaram e divulgaram os trabalhos realizados no âmbito do projeto de investigação e desenvolvimento "Niker". Paulo Lourenço, também da Universidade do Minho, apresentou, na sua comunicação, uma metodologia que pode ser posta em prática para, com base nos conhecimentos da engenharia estrutural atualmente existentes, abordar com eficácia e de um modo sistemático o problema da exposição dos monumentos e edifícios históricos ao risco o sísmico. Finalmente, Luís Mateus, da empresa Monumenta, apresentou exemplos de casos concretos de intervenções de reabilitação estrutural de edifícios antigos.
Ficou patente, através das comunicações apresentadas e de algumas das intervenções do público presente, a pertinência e oportunidade do tema do seminário. Em representação da Ordem dos Engenheiros esteve presente Carlos Trancoso Vaz, que referiu, a propósito, os contactos tidos com o grupo parlamentar do PSD no sentido da alteração prevista do regime jurídico da reabilitação urbana acautelar devidamente o risco sísmico.
Assistiram ao seminário cerca de 140 pessoas, entre decisores e técnicos envolvidos em atividades relacionadas com a salvaguarda de edifícios e outras construções com valor cultural, nomeadamente arquitetos, engenheiros civis, engenheiros técnicos civis e conservadores-restauradores, destacando-se a presença de representantes de diversas instituições públicas e privadas, assim como de estudantes das áreas mencionadas. A DGPC esteve representada pelo seu Subdiretor-Geral, João Carlos Santos e o ICOMOS Portugal pela presença de Maria Fernandes.
O GECoRPA - Grémio do Património saúda a disponibilidade da Direção-Geral do Património Cultural para participar na iniciativa, que traduz um reconhecimento da atual situação de vulnerabilidade em que se encontra muito do Património cultural construído, os monumentos, edifícios e centros históricos, face ao risco sísmico.
Consulte as comunicações na listagem abaixo.