Revista Pedra&Cal

Patologia e Reabilitação de Edifícios

Indíce

04 Editorial
 Vítor Cóias

06 PATORREB 2015
Um contributo para a reabilitação do património monumental e dos edifícios antigos
 Vasco Peixoto de Freitas

08 A importância das cheias no fenómeno da humidade ascensional em paredes de edifícios
Modelo aplicado aos monumentos portugueses
 Ana Sofia Guimarães, João Delgado, Francisca Barbosa, Isabel Torres, Óscar López, Fernando Henriques, Vasco Peixoto de Freitas

12 Avaliação estrutural expedita de edifícios antigos de alvenaria
 Luís Miguel Soares Martins, José Avelino Loureiro Moreira Padrão

18 Influência do isolamento térmico de paredes de elevada espessura e massa no conforto térmico e no consumo energético de edifícios rurais reabilitados
 Rui Jerónimo, Rui Jerónimo, Romeu da Silva Vicente, Isabel M. Ribeiro

22 Quantificação da influência de materiais higroscópicos na flutuação da humidade relativa em museus instalados em edifícios antigos
 Cláudia Ferreira, Vasco Peixoto de Freitas, Nuno M. M. Ramos

26 Museu de Arte Popular em Lisboa
Reabilitação das fachadas
 João Appleton, Pedro Ribeiro, Ana Aquino

30 O Forte de Nossa Senhora da Graça, Elvas
Bases para uma intervenção – a caracterização dos materiais
 António Santos Silva, Ana Rita Santos, Maria Rosário Veiga

34 Edifício tradicional no centro histórico do Porto - Projeto e obra
O presente artigo apresenta o projecto e a intervenção num edifício antigo do centro histórico do Porto
 Alexandre A. Costa, Valter Lopes, João Guedes, Tiago Ilharco, Bruno Quelhas, Diana Barros

38 As argamassas de cal hidráulica natural na reabilitação
Avaliação e otimização do seu desempenho
 Maria Rosário Veiga, Ana Rita Santos

42 Contributos para a concepção de um Manual de Manutenção da Casa Burguesa do Porto
Um dos actuais desafios da intervenção em edifícios antigos consiste na implementação de estratégias de conservação preventiva e de manutenção, passando de uma filosofia de actuação reactiva, para uma filosofia de prevenção e de cuidado continuado ao
 Joaquim Lopes Teixeira, Teresa Cunha Ferreira, Rui Fernandes Póvoas

48 Divulgação
Feira do Património 2015

50 Agenda

51 Vida Associativa

52 Empresas associadas do GECoRPA - Grémio do Património

53 Notícias

54 Livraria

Preço: 5,00 €

N.º 58
Patologia e Reabilitação de Edifícios

PATORREB 2015: Um contributo para a reabilitação do património monumental e dos edifícios antigos


EDITORIAL por Vítor Cóias | Diretor da Pedra & Cal

Exigência, precisa-se

"Voi sapete le medicine, essendo bene adoperate, rendon sanità ai malati, e quello che bene le conosce, ben l’adopererà… Questo medesimo bisogna al malato domo, cioè uno medico architetto, che’ntenda bene cosa è edifizio, e da che regole il retto edificare diriva..."

Esta citação, retirada duma carta de Leonardo da Vinci à comissão fabriqueira da Catedral de Milão, ilustra o paralelismo entre os métodos da medicina e os da patologia dos edifícios e respetivo tratamento, ou reabilitação.

A patologia e reabilitação dos edifícios, em particular do património monumental e dos edifícios antigos, vem constituindo o tema de uma série de conferências trienais, promovidas, desde 2003, pelo Prof. Vasco de Freitas, da FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, em colaboração com os seus colegas da Universidade Politécnica da Catalunha e da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em março deste ano decorreu a 5.ª edição desta série, a "PATORREB 2015", à qual o presente número da Pedra & Cal é dedicado. Nele se inclui uma seleção de artigos em que se focam, de forma sintética, as principais questões tratadas na mais recente edição das conferências PATORREB. Deste conjunto de artigos ressalta, tal com na carta de Leonardo da Vinci, o elevado grau de especialização inerente a este segmento de atividade e, por consequência, a qualificação que deve ser exigida aos profissionais e empresas que a ele se propõem dedicar.

Portugal viveu, nos anos do virar do século, uma euforia construtiva que se fez sentir, com particular intensidade, na construção de edifícios. A alocação de dezenas de milhares de milhões de euros à construção habitacional é, reconhecidamente, uma das causas do excessivo endividamento das famílias, da degradação dos indicadores dos bancos e da perda de competitividade do País.

Felizmente, a tónica do imobiliário e da construção está, hoje, na manutenção e na reabilitação do edificado e da infraestrutura construída. No entanto, pairam no ar várias ameaças que podem anular as oportunidades oferecidas à sociedade por esta mudança de paradigma: o facilitismo no acesso aos alvarás de empreiteiro e no licenciamento das obras de reabilitação; a desadaptação da legislação do setor da construção, persistentemente centrada na construção nova; o enfoque dos currículos das escolas de engenharia e arquitetura na construção nova; a falta de operários e de quadros intermédios qualificados; a postura demasiado corporativa das ordens profissionais e das grandes associações empresariais do setor.

A conjugação destas ameaças abre o caminho para uma reabilitação à trouxe-mouxe, promovida por operadores imobiliários motivados pelo lucro imediato ou vista como tábua de salvação de um setor da construção ancilosado e excedentário. Para o evitar, é urgente estimular uma cultura de exigência, a começar pela qualificação dos profissionais e das empresas que concebem e executam as intervenções.

O País precisa de Donos-de-Obra mais exigentes e de menos construtores, mas melhores construtores. Uma maior exigência de qualificação da força de trabalho e do tecido empresarial do setor da construção fará aumentar o seu valor acrescentado, logo, o seu contributo para o crescimento da economia. Uma maior qualificação traduz-se em maior qualidade do serviço prestado, o que significa maior eficácia e durabilidade das intervenções, menor desperdício, melhor cumprimento de orçamentos e prazos, logo, economias para as entidades adjudicantes, públicas ou privadas. As empresas de construção mais qualificadas, em termos de organização e de tecnologia, são mais estáveis, podem pagar melhores salários e estão em melhor posição para trabalhar além-fronteiras, aumentando as exportações.

Em suma, o estímulo à qualificação dos recursos humanos e das empresas da construção, além de contribuir para a eficácia das intervenções nos edifícios, de acordo com a citação de Leonardo da Vinci, permitirá melhorar o contributo do setor para a economia e para a sociedade.

NOTAS

1. Ver a apresentação do GECoRPA no PATORREB 2015 no sítio www.gecorpa.pt, no separador "Estudos e Documentos" > "Comunicações e Artigos".

2. Uma nota final em memória de Elsa Maria Alves Fonseca, colaboradora administrativa do GECoRPA, que nos deixou prematuramente em 16 de maio, vítima de cancro. A Elsa era uma jovem mulher muito competente e dedicada ao nosso projeto associativo e a esta revista, que serviu, sempre de forma discreta mas muito eficaz, desde 2001 até poucas semanas antes de falecer. À sua mãe e irmãos, e, em particular, à sua filha Eliana, quero endereçar, em nome da direção da nossa associação e como diretor da revista, uma palavra singela de solidariedade e de condolências: as equipas do GECoRPA e da Pedra & Cal também sentem muito a sua falta.


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