Revista Pedra&Cal

EN2: Estrada Património

Indíce

02 Editorial

04 Quando SEQUER
Segurança, Qualidade e Eficiência das Rodovias
 H. MACHADO JORGE

07 Entrevista: Prof. António Lamas
Estradas-Património não podem ser “atropeladas” pela pressa da modernidade

12 Lanço da EN 2 – Almodôvar e São Brás de Alportel
Recuperação da 1.ª Estrada-Património Portuguesa
 LUÍS MELO

14 Os pavimentos e a sua evolução
Nada é tão simples quanto aparenta. Também os pavimentos têm os seus segredos. Um pavimento é um todo constituído por camadas, onde cada uma delas possui características particulares, desempenhando certas funções.
 J. PAULINO PEREIRA

18 Muros de pedra
Uma herança em risco
 ALEXANDRE MONTEIRO,

20 Ciências e técnicas do Património Cultural
Entre a concorrência e a cumplicidade
 JOÃO CARLOS BRIGOLA,

22 Antigo Convento dos Capuchos
Conservação da Igreja
 PEDRO SILVA

23 Palácio Nacional de Sintra
Recuperar o pormenor para proteger o todo
 JOÃO VARANDAS

26 Um roteiro para uma Estrada-Património
O Instituto das Estradas de Portugal entendeu que o percurso recuperado – Estrada Nacional n.º 2 (EN2), troço Almodôvar/São Brás de Alportel –, ao abrigo do programa Estradas-Património, poderia beneficiar com a existência de um roteiro que, para alé
 AMELIA AGUIAR ANDRADE

28 Conservação da Ponte de Chiqueda de Baixo - Uma estratégia
O estudo que se apresenta tinha por objectivos estabelecer uma primeira avaliação do estado da ponte situada em Chiqueda de Baixo, definir uma estratégia de intervenção que garantisse a sua conservação e resolvesse o estrangulamento de tráfego provoc
 João Mascarenhas Mateus

30 Museu do Caramulo
O automóvel como património
 LEONOR SILVA

32 A Construção da Estrada Marginal – 1940
Quando o progresso se une à tradição
 JOÃO ANÍBAL HENRIQUES

34 Divulgação

36 As Leis do Património
Alterações na tributação da transmissão de imóveis
 A. JAIME MARTINS

38 Notícias

42 Agenda

43 Pela estrada fora
 JOSÉ MARIA LOBO DE CARVALHO

44 Vida Associativa

46 Livraria

49 Associados GECoRPA

52 Reabilitação do edificado
Saber e saber fazer
 NUNO TEOTÓNIO PEREIRA

Preço: 4,48 €

N.º 19
EN2: Estrada Património


Falar de estradas
Falar de estradas antigas traz-nos imediatamente à memória as viae publicae e viae militares dos Romanos, que se estendiam por todo o império. Antes dos Romanos, no entanto, outras civilizações, em tempos ainda mais remotos, construíram redes de estradas. Estudos da Universidade de Chicago feitos a partir de fotografias de satélite permitiram, recentemente, dar a conhecer uma importante rede de estradas na zona onde actualmente ficam a Síria e o Iraque, remontando 5000 anos atrás.

Em muitas regiões do planeta onde os Romanos nunca chegaram, o valor das estradas, enquanto património histórico é, igualmente, reconhecido: é o que se passa com as kaido no Japão, as estradas que a partir do séc. VII, ligaram Quioto a outras cidades ou às zonas costeiras, permitindo a movimentação de pessoas e o tráfego de mercadorias.

Entre nós, o projecto SEQUER, da iniciativa do Centro Rodoviário Português, veio, recentemente, dar um novo impulso à salvaguarda das estradas enquanto património histórico. Não das viae romanas, essas já detalhadamente estudadas (embora nem sempre devidamente protegidas), mas das que, a partir do Estado Novo, serviram de plataforma para o grande desenvolvimento que, no nosso país, teve o transporte rodoviário de pessoas e mercadorias.

Essas estradas-património despertam-nos a nostalogia dos tempos em que os automóveis eram poucos e cada viagem era algo que se antecipava com entusiasmo e que se usufruia com prazer. Hoje, os tempos são outros e os números pairam, sombrios, no nosso subconsciente, quando se fala de estradas. Na Europa, cerca de 30 por cento do consumo total de energia é representado pelos transportes. Em Portugal esse número sobe para 36 por cento, ultrapassando a própria actividade industrial. Dentro do sector dos transportes e no conjunto dos países da UE, 83 por cento do consumo total total correspondem ao modo rodoviário. O sector dos transportes era, em meados dos anos 90, responsável por 26 por cento das emissões de CO2 da UE. Tais emissões aumentaram substancialmente de então para cá, pondo em risco, em muito países, entre eles o nosso, o cumprimento das metas do Protocolo de Quioto.

Falar de estradas obriga, portanto, a falar de outras coisas, e não só da protecção do ambiente, é da protecção da própria vida humana: as estradas portuguesas fazem, todos os dias, mais baixas do que as sofridas pelos americanos em cenários de guerra como o Iraque. É claro que a culpa não é das nossas estradas (embora, por vezes, reconhecidamente mal concebidas), mas, sobretudo, de quem as utiliza de forma  agressiva e irresponsável. Ao dedicar um número da P&C às estradas, o GECoRPA não pode passar em branco esta realidade, que nos aflige e envergonha. O massacre que nelas está a acontecer tem que acabar.

V. Cóias e Silva


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