Revista Pedra&Cal

Energia e Património

Indíce

02 Editorial

04 Lisboa Reiluminada
Contrariando os tradicionais percursos turísticos, propõe-se aqui uma outra forma de olhar e ler a cidade.
 TIAGO SARAIVA

06 Energia e ambiente: Como conciliá-los no processo de sustentabilidade?
O Homem ao longo da sua existência na Terra tem mantido uma relação intrínseca com os recursos naturais, utilizando-os e modelando-os aos seus interesses e à satisfação das suas necessidades, num processo dinâmico e nem sempre harmonioso.
 JOSÉ MANUEL ALHO

08 Energia e património A turbina da moagem “A Nabantina em Tomar
Aenergia é o património do Universo. Tem formas variadas em diferentes escalas. Pode ser química, física, biológica. Materializar-se na fusão do átomo...
 JORGE CUSTÓDIO

12 ATorre de Belém e a Fábrica do Gás Contra o gasómetro, marchar, marchar
Ainstalação da Fábrica do Gás junto à Torre de Belém teve, desde o início, uma forte contestação de vários quadrantes da sociedade portuguesa.
 PAULO OLIVEIRA RAMOS

15 Património arquitectónico moderno Centrais hidroeléctricas do Douro Internacional
As três centrais hidroeléctricas realizadas nos anos 50/60, próximo da fronteira Portugal-Espanha no ponto onde o rio Douro entra em território português, constituem um acontecimento excepcional na história da arquitectura moderna e contemporânea...
 MICHELE CANNATÀ, FÁTIMA FERNANDES

18 Fábrica Nacional de Munições Salvaguarda de uma caldeira Babcock & Wilcox
Após uma longa tradição na área do fabrico de armas, munições e pólvora, o nosso país viu encerrar recentemente a última unidade produtiva nesta área: a Fábrica Nacional de Munições. Aí se encontra uma caldeira Babcock & Wilcox, um equipamento...
 DEOLINDA FOLGADO

20 Paços do Concelho da C. M. de Cascais Dar nova vida a uma arte antiga
Os painéis de azulejos das fachadas do edifício dos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Cascais têm vindo a ser alvo de obras de conservação e reabilitação. Aempreitada foi adjudicada à MIU – Gabinete Técnico de Engenharia, Ld.ª, que conta...
 PEDRO SILVA

22 Restauro e reabilitação Moinho de maré do Cais das Faluas no Montijo
Situado na frente ribeirinha urbana do Montijo, junto ao antigo cais da Transtejo, a construção do moinho de maré do Cais das Faluas data dos princípios do séc. XVIII. Recentemente, a câmara municipal desta cidade promoveu um concurso para a sua...
 JOEL DAVID SIMÕES RIBEIRO

25 Santuário e Igreja Paroquial deNossa Senhora de Brotas - Restaurar peça a peça
A actual estrutura da Igreja Paroquial de Nossa Senhora de Brotas, originária de 1535, sofreu alterações no decorrer do séc. XVII com a remodelação da fachada e a criação de revestimentos cerâmicos no seu interior e exterior. Recentemente...
 JOÃO VARANDAS

28 Museu da Electricidade Diagnóstico ao reservatório de combustível
O reservatório do Museu da Electricidade foi construído em meados do século passado, com a finalidade de armazenar combustível (nafta ou fuelóleo) para alimentação das caldeiras da Central Tejo, localizada junto ao rio, em Belém. Integrado...
 TIAGO RIBEIRO

31 Divulgação

32 Isenções fiscais em matéria de reabilitação urbana
A reforma da tributação do património inscrita no Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de Novembro, introduziu algumas alterações ao Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 215/89, de 01 de Julho, através do aditamento...
 A. JAIME MARTINS

34 Notícias

37 Agenda

38 Vida Associativa

39 Contadores Indo-Portugueses Um luxo asiático para português ver
 CÁTIA MARQUES

40 O património industrial como energia criativa da cidade
Na cidade industrial sempre balançámos entre a repulsa das fábricas, do fumo negro, da poluição, do ruído, da periferia e a atracção dos seus mecanismos, do seu interesse económico e do seu valor enquanto “fábrica” social. É certo que este mundo...
 MANUEL LAPÃO

45 A quantos kiloWatts equivale um boi
“Calcula-se que por alturas da Revolução Francesa, a Europa ia buscar energia a 14 milhões de cavalos e 24 milhões de bois.”
 JOSÉ MARIA LOBO DE CARVALHO

46 Livraria

49 Associados GECoRPA

52 Electrificação e arquitectura Património nascido da luz
 NUNO TEOTÓNIO PEREIRA

Preço: 4,48 €

N.º 21
Energia e Património


Para satisfazer o seu apetite insaciável por energia as sociedades ditas mais avançadas têm vindo a construir, sobretudo a partir da revolução industrial, infra-estruturas que se tornaram notáveis pelo seu carácter inovador, pela engenhosidade da sua concepção ou, simplesmente, pela imponência das suas dimensões. Muitas dessas obras constituem, hoje, importantes testemunhos históricos e merecem, por isso, ser preservadas para o futuro. 

Somam-se a este património muitas outras construções que nos chegam de um passado mais longínquo, igualmente motivadas pela necessidade de aproveitar as fontes de energia existentes na Natureza para executar mais facilmente tarefas árduas, como a moagem de cereais.

Quando se fala das torres de Alcântara, em Lisboa, por exemplo, poucos nos lembramos que ali havia, ainda no princípio do século XIX, um braço do Tejo, uma ribeira, um moínho de maré com a respectiva caldeira, e uma ponte de pedra com uma estátua de S. João Nepomuceno. Parte disso ainda lá estará, sob toneladas de entulho. Uma possível alternativa às torres poderia ser a recuperação desses elementos e a adaptação a terciário e a habitação dos velhos edifícios industriais que existem à volta. Mas, embora enriquecesse a cidade, isso não satisfaria, obviamente, a sofreguidão dos promotores.

Felizmente, noutros locais, algumas autarquias têm tido mais sucesso em encontar o equilíbrio entre a salvaguarda do património concelhio e as pressões do negócio imobiliário. As câmaras do Seixal e do Montijo são disso um bom exemplo. Graças à sua sensibilidade e inteligência, estão hoje preservados bens culturais como o moinho de maré de Corroios, mandado construír inicialmente por D. Nuno Álvares Pereira, em 1404, e outras obras idênticas se lhe seguirão.

Como temos vindo a dizer ao longo dos cinco anos que a Pedra & Cal leva de publicação, património não são só igrejas e castelos. Haja, a todos os níveis do Estado, mas sobretudo nas autarquias locais, quem tenha a lucidez de o proteger. E não será só por razões sentimentais: é que, para quem pensa em visitar-nos, um antigo moinho de maré vale mais do que as (hipotéticas) torres de Alcântara.

Lisboa, Fevereiro de 2004

V. Cóias e Silva, Presidente do GECoRPA


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