O secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, apresentou recentemente em Paris o relatório "Divided We Stand: Why Inequality Keeps Rising", onde se salienta o acréscimo do fosso entre ricos e pobres nos últimos 30 anos. Segundo o secretário-geral da OCDE, o instrumento mais poderoso para conter este aumento da desigualdade é a promoção da qualificação da mão-de-obra.
No que toca a Portugal, esta ilação é particularmente relevante para o setor da construção (o segundo maior empregador a seguir ao estado), onde a percentagem de mão-de-obra qualificada é muito baixa. Para esta situação muito contribui a actual legislação dos alvarás, que não valoriza devidamente a qualificação dos recursos humanos detidos pelas empresas na atribuição das licenças para o acesso e permanência no sector. O GECoRPA tem-se vindo a bater, nos últimos anos, pela instauração de um sistema de qualificação das empresas baseado na qualificação dos recursos humanos por elas detidos. Esta abordagem criaria o necessário estímulo para um progressivo aumento da qualificação da mão-de-obra da construção.
Esta alteração faz todo o sentido para Portugal, porque, segundo o relatório da OCDE em apreço, o nosso país está em quinto lugar entre os 34 países abrangidos pelo estudo, e em primeiro lugar a nível europeu, com o maior fosso entre ricos e pobres.