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Aventuras e descobertas em livro comemoram os 50 anos da Gruta do Escoural

A Gruta do Escoural é a única gruta com arte rupestre do Paleolítico no país. Entre corridas e aventuras o leitor vai descobrindo os seus segredos.

De modo a celebrar a descoberta da Gruta do Escoural há 50 anos, o município de Montemor-o-Novo editou o livro Um encontro na Gruta do Escoural, que procura explicar aos mais novos a vida dos homens no Paleolítico. A narrativa tecida por Teresa Fonseca e ilustrada por Rodolfo Pimenta leva um jovem estudante ao inesperado encontro com um outro menino em plena Pré-história. Entre corridas e aventuras o leitor vai descobrindo os segredos da Gruta do Escoural na Idade do Gelo.

A Gruta do Escoural é a única gruta com arte rupestre do Paleolítico no país. Foi descoberta em 1963 por trabalhadores de uma pedreira, mas somente depois da chegada dos arqueólogos foram descobertas as pinturas e gravuras. Os trabalhadores identificaram antes a necrópole neolítica também existente no arqueossítio. A partir daí a notícia espalhou-se, motivando a chegada ao Escoural do arqueólogo Farinha dos Santos, do Museu Nacional de Arqueologia. Além dele, especialistas de várias proveniências trabalharam na gruta, com destaque para André Glory, que em 1965 confirmou a gélida cronologia paleolítica da arte que se encontra em suas paredes.

Desde cedo notou-se a importância patrimonial da gruta, o que justifica a rápida classificação do monumento: fora descoberta em abril e em outubro era classificada. A gruta deu a conhecer nas diversas campanhas de escavação em seu interior um alargado intervalo de ocupação. Os vestígios mais antigos remontam ao Paleolítico Médio, período no qual viveu o homem de Neanderthal. No caso do Escoural esta ocupação está datada de 50.000 anos atrás. No período subsequente, o Paleolítico Superior, surgem os vestígios de arte rupestre, já composta pelo Homo sapiens. Ao todo foram identificadas 108 figuras, 34 destas são de estilo naturalista, representando cavalos, bovídeos e elementos isolados (possivelmente chifres). Por fim, há uma utilização da gruta como necrópole no Neolítico Final, quando o homem já tinha um milenar domínio da agricultura. Fora da gruta, mas num cabeço próximo há um povoado amuralhado do Calcolítico, época em que as comunidades humanas começavam paulatinamente a utilizar o cobre.

Nos anos 90 foi criado o Centro Interpretativo da Gruta do Escoural, na vila do Escoural. Esta iniciativa estava enquadrada em programas de valorização do património arqueológico do Alentejo, efetuados pelo então IPPAR, atual Direção Geral do Património Cultural (DGPC). A partir daí foram feitas obras não só visando melhorias nas condições de visita no interior da gruta como a conservação do monumento propriamente dito. Atualmente é possível visitar a gruta do Escoural através de marcações prévias feitas no Centro Interpretativo.

Teresa Fonseca é licenciada em História, mestre em História Cultural e Política e doutorada em História das Ideias Políticas. É autora de diversos artigos em revistas nacionais e internacionais, para além de ter escrito 11 livros sobre História Moderna e Contemporânea. Escreveu também a história infanto-juvenil Uma amiga com mil anos. Joana descobre a história de Montemor-o-Novo.

Rodolfo Pimenta é um artista multifacetado que utiliza a ilustração, o cinema de animação, o documentário e a vídeo-instalação como formas de expressão. Criou há 14 anos o Coletivo Fotograma 24 – Laboratório itinerante de cinema de animação para a alfabetização visual, projeto premiado que visa a educação artística de crianças e jovens através da realização de curtas metragens animadas. Além disto, é membro do projeto Canal Zero, que une em tempo real som e imagem, e do coletivo Dio3Stu (Estúdio 3) um laboratório dedicado à criação de instrumentos eletrónicos, esculturas sonoras e instalações site-specific.

30/01/2015

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