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Efeitos positivos da crise: Menos construção = Melhor proteção da Natureza

Foto: Manuel Roberto (Público)
Foto: Manuel Roberto (Público)

A recente entrevista ao jornal "Público" de Nuno Gomes de Oliveira, director do Parque Biológico de Gaia, é esclarecedora. Por causa do abandono (forçado) de projetos urbanísticos, a reserva do estuário do Douro acaba de ser integrada na rede nacional de áreas protegidas. Uma classificação só possível ao fim de mais de 30 anos. Para isso também contribuiu a presença constante de visitantes, cujo interesse confirma o sucesso da reserva.

Alguns excertos da entrevista (os sublinhados são nossos):

Esperava que o estuário do Douro entrasse para a rede nacional de áreas protegidas depois de, em 1994, ter sido retirado da Reserva Ecológica Nacional?
Em 1984, quando foi feita a primeira versão do Plano Director Municipal [PDM] de Gaia, ainda havia, para aquele local, pretensões urbanísticas e portuárias, projectos muito complicados. Quando a Câmara de Gaia propôs que aquilo não fosse Reserva Ecológica Nacional, o Conselho de Ministros retirou essa protecção. Mas os projectos que havia, de um hotel em cima do Cabedelo, uma grande marina e um porto militar, por serem tão ridículos, acabaram por cair de podres.

(...)

Neste hiato de 30 anos, ao sabor de mudanças legislativas, uma área natural com esta importância poderia ter sofrido danos irreparáveis, não?
As situações são sempre reversíveis, só seriam irreparáveis se tivesse construído alguma coisa naquele espaço. Se aqueles projectos tivessem avançado, sim. Mas não aconteceu.

O centro histórico do Porto foi preservado, e classificado património mundial, porque a falta de dinheiro impediu projectos megalómanos. No estuário do Douro também foi assim?
(...)
A barrinha de Esmoriz, a antiga Reserva Ornitológica do Mindelo e a serra de Santa Justa, que são os espaços fundamentais, com o estuário do Douro, para termos uma rede de espaços naturais na área metropolitana, estão há décadas à espera de qualquer coisa sempre ligada a empreendimentos imobiliários ou turísticos. Estes projectos têm sido um entrave à conservação da natureza. Quando vão caindo, torna-se possível preservar essas zonas.

(...)

A visão economicista pode ser um retrocesso também para a conservação da natureza?
Acho que a conservação da natureza já atingiu a maioridade e já há coisas irreversíveis. Mas é verdade que, a nível nacional, se estão a consagrar muito poucos fundos para isto. Muito poucos. Continua-se a não perceber que a paisagem é fundamental para o desenvolvimento económico e, desde logo, para o turismo. Não há turismo sem paisagens protegidas excepto aquele de praia e noite.

Entrevista de Jorge Marmelo. Ver entrevista completa aqui.

 

28/05/2012

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